quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

E já que falamos em faltas...

Os senhores da Academia só encontraram duas canções merecedoras da nomeação? Das 39 que tinham selecionado em Dezembro? DUAS? A sério?

Portanto os membros da Academia que votam nesta categoria - os do Music Branch, atualmente com 236 ilustres - juntaram-se a 5 de Janeiro, ouviram as canções (ou pediram um DVD para ouvir em casa), e encontraram duas que lhes agradaram. Isto é, que receberam uma pontuação média igual ou superior a 8,25, numa escala que acaba no 10. Ora se nenhuma canção tivesse tido esta pontuação nem sequer havia nomeados. E eu podia achar que estavam apenas a ser muito exigentes. Mas não, escolheram Man or Muppet, do filme Os Marretas, e Real in Rio da animação Rio. O argumento da exigência foi-se.

Ainda há a possibilidade de uma destas estar só a fazer número. É que quando só uma canção tem a nota necessária, a que tiver a nota mais alta das outras é repescada para lhe fazer companhia.

A nomeação que falta


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Óscares para o almoço

Amanhã há nomeações para os Óscares, mas hoje fui ver o novo do David Fincher e tenho de confessar que há muito tempo que não ficava tão entretida no cinema. Fiquei presa na sequência de abertura. Aquilo de estarem todos a falar inglês na Suécia, às vezes com ligeiro sotaque para mostrar que não são ingleses, perturba um bocado... mas passa rapidamente. Sobretudo porque há um conjunto de atores fantásticos, a começar pelo Daniel Craig e pela Rooney Mara, sem esquecer o Christopher Plummer. E até há a cara conhecida vinda do Lost, o Alan Dale (Charles Widmore), que me aquece logo o coração - como a barra de chocolate Apolo num episódio do Era uma vez (Once Upon a Time).

Voltando ao Millennium 1, o filme vale definitivamente a pena. Não são só os atores, ou a realização de Fincher, que se move nestas águas do thriller e do mistério como poucos (7 Pecados Mortais, Clube de Combate), é também uma história muito boa (várias, aliás) e personagens interessantes. Ingredientes que chegam e sobram para duas horas e meia bem passadas, a correr.

Aviso: não levem menores de 16. Eu que não li os livros, nem vi a adaptação sueca ao cinema, fui apanhada de surpresa com algumas cenas, para as quais não estava minimamente preparada. E estou a referir-me, obviamente, a ter de ouvir o Sail Away da Enya. Em baixo, a versão de Trent Reznor & Karen O da Immigrant Song, que serve de banda sonora à sequência inicial. Good stuff.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Red carpet night

Este ano posso 'gabar-me' de só ter visto (ainda) um dos filmes nomeados para melhor filme versão drama e um melhor filme versão musical ou comédia. Ou seja: "As Serviçais" (The Help) e "Meia Noite em Paris" (Midnight in Paris). Nenhum deles me fez arrepiar nem nada que se pareça. Mas a verdadeira desilusão vai para o Woody Allen que está com uma séria falta de inspiração há já há alguns aninhos (saudades do Annie Hall)... Só mesmo o Owen Wilson me surpreendeu..
Ainda assim, mesmo sem ainda ter visto todos os nomeados, consigo sempre ter uma preferência: "Os Descendentes" parece-me prometedor. Quanto às interpretações, já se sabe que onde quer que esteja a Kate Winslet, tem de ganhar e o Ryan Gosling (nomeado pelos filmes errados mas, ainda assim está lá e merece ter o ano dele).
Porém, enganem-se aqueles que acham que isto é uma antevisão dos Oscares porque já lá vai esse tempo (normalmente tem saído tudo ao contrário).
Espero aguentar esta noite de cinefilia... Boa sorte aos melhores.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A Gruta dos Sonhos Perdidos


O último filme do realizador alemão Werner Herzog é um documentário em 3 D. E acho que isto chega para deixar curiosos os que já viram algum filme do senhor. A mim, que só vi o Rescue Dawn e o Grizzly Man, deixou. Mas como os filmes em 3 D custam 8,5 euros (6,5 à segunda-feira) é melhor acrescentar qualquer coisa.

A Gruta dos Sonhos Perdidos (Cave of Forgotten Dreams) é uma viagem à gruta Chauvet, no Sudeste da França: uma gruta que esconde um dos mais importantes conjuntos de imagens do Paleolítico. Selada durante milhares de anos, devido a um desmoronamento súbito que tapou a entrada principal, só foi redescoberta em 1994, depois da erosão ter exposto uma pequena entrada. Fosse eu o Werner Herzog e aproveitava já para discorrer acerca dos mistérios da natureza, o que nos mostra e o que nos esconde... mas como não sou, embora o meu sotaque a falar inglês seja igualmente mau, adiante.

Logo que foi descoberta, por espeleólogo amadores, veio o governo francês, que trouxe cientistas, tirou fotografias, anunciou ao mundo, fez um caminho, pôs uma porta blindada e pronto. Só os membros da equipa multidisciplinar que estuda a gruta, ou investigadores por ela convidados, têm agora acesso. O realizador ou teve a sorte de ser convidado ou fez-se convidado e filmou este documentário, que, quanto mais não seja, serve para nos mostrar a três dimensões obras de arte que valem por si mesmas e não apenas por terem sido desenhadas há 30 mil anos por antepassados que só naquela altura começaram a dominar a construção de ferramentas básicas. Claramente não era um problemas de destreza porque as imagens são fantásticas. Das sombras, à perspetiva, passando pela ideia de movimento.

Mas lá para os 15 minutos de filme começo a pensar como é que o realizador vai ocupar os restantes 75. A partir daqui continuem por vossa conta e risco, ou seja, se tencionam ir ver o filme, não continuem. Com entrevistas que se tornam inadvertidamente (?) cómicas: há um ex-artista de circo, um alemão que decide usar a moda da altura e outro que insiste em mostrar como os Cro-Magnom usavam as lanças para caçar cavalos - até ser chamado pelo realizador para parar com aquilo, como um professor que diz já chega a um aluno mais entusiasta mas chatinho. O realizador entrevista cientistas, mas o que procura é uma reflexão filosófica e no meio da narração não resiste a oferecer-nos as dele. Não tenta defendê-las ou explicá-las, vai deixando-as pelo caminho e eu recuso-me a apanhá-las. A maioria, pelo menos. Sobretudo a dos crocodilos albinos.

Não deitemos fora o bebé com a água do banho: as grutas são bonitas. E não vamos ter outra oportunidade para as ver assim. E o que mais irrita no Herzog é que podia ter feito um documentário ainda melhor. O 3 D deixa um bocado a desejar, mas a culpa pode ser do cinema onde vi, a saber, o Monumental.

SHUT UP AND PLAY THE HITS



'Trailer" fresquinho. Os últimos dias dos LCD Soundsystem. Estreia em Sundance.